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sábado, 28 de novembro de 2015

Partido da Mulher Brasileira atrai 20 deputados em 2 semanas

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Partido recém-criado ofereceu divisão da verba do fundo partidário. Presidente e fundadora do PMB, Suêd Haidar é contra o aborto: "A mulher não pode matar vidas" - Antonio Scorza / Agência O Globo 
POR EVANDRO ÉBOLI E ISABEL BRAGA - O GLOBO
O recém-fundado Partido da Mulher Brasileira (PMB) cresceu em progressão geométrica desde a sua criação. Em duas semanas, conquistou 20 deputados federais para sua bancada na Câmara. Até agora, numericamente já empatou com o PRB e deixou para trás 15 legendas, entre elas o PDT, de Leonel Brizola, o tradicional Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e o Partido Verde (PV). E a expectativa é de que possa chegar nas próximas semanas a 30 deputados.
O canto da sereia, que atrai parlamentares — do baixo clero, de pouca expressão e de partidos nanicos — é, além de poder político e do tempo de TV, a promessa de ajuda financeira aos diretórios estaduais — controlados por esses deputados —, com divisão do bolo do fundo partidário. Sem doações de empresas, proibidas pelo STF, esse dinheiro virou uma fonte importante de financiamento das campanhas. O valor do fundo de cada deputado depende do número de votos recebidos na eleição.
Sempre que perguntados se houve algum tipo de promessa financeira para aderir ao PMB, os deputados reagem, negando compensação pessoal. A presidente do PMB, Suêd Haidar, admite que haverá divisão do fundo partidário, mas nega recompensa econômica.
— Isso não existe. O que existe, de fato, é que o fundo partidário vai ser repartido por igual nos estados onde temos deputados federais. E serão ações sociais, ideológicas. Vamos implementar escolas de política. Se as pessoas entendem isso como contrapartida... — disse Suêd.
BANCADA SÓ TEM DUAS MULHERES
Mulher na bancada, dos 20, só duas por enquanto: as mineiras Brunny e Dâmina Pereira. No campo das ideias, o PMB tem uma formação eclética, com parlamentares das bancadas da bala e evangélica, dois ex-petistas e um ex-governador. A presidente do partido justifica a baixa presença feminina:
— São apenas 54 deputadas. E desse total, 3,7% (duas deputadas) estão no PMB. Sobram 459 deputados. Destes, 3,9% (18 deputados) estão no PMB. Olhando por este lado, não está tão gritante assim.
A esmagadora maioria é de deputados de primeira legislatura, 15 dos 20. Ao se constituir, o PMB fez um estrago nas legendas nanicas. Extinguiu três bancadas na Câmara — PRP, PSL e PSDC —, que, agora, não tem nenhum deputado. E reduziu outros três partidos — PMN, PTdoB e PTC — a apenas um representante.
O PMB tem como vice-presidente Sidclei Bernardo, que é filho da presidente da legenda. O líder do PMB é o deputado Domingos Neto (CE), que explica ser o partido a única opção que se abriu para acomodar deputados que estavam incomodados em suas legendas. A Rede não foi vista como uma opção pelo perfil ideológico dos que estão ingressando no PMB.
— A presidente do PMB fez boa articulação e chama os deputados para construírem juntos o partido, oferece o diretório. É uma coisa normal o estado ter acesso ao fundo partidário. Eu não cheguei a negociar neste sentido, porque para mim o que interessa mesmo é o tempo de TV. Comigo, dinheiro nunca foi conversado — disse Domingos Neto.
O deputado Carlos Gaguim (TO), ex-governador de seu estado, está empolgado com a nova legenda. Ele promete lançar uma chapa só de mulheres e diz que o único pedido feito por Suêd foi a defesa das causas femininas. Fala em criar clínicas de saúde só para elas e em "fazer valer" a Lei Maria da Penha.
— Me foi garantida autonomia. Estamos crescendo, incomodando. Estão assustados porque muitas vezes para se montar um partido pega governador, ministro, oferece cargo. Ela tem o partido dela a oferecer. Ela me disse que é amiga do Sarney, mas que não teve apoio nem do governo, nem da oposição para montar o partido. O dinheiro é para o diretório. Tem gasto. De graça só as bençãos de Deus — disse Gaguim.
Presidente é contra o aborto
Fábio Ramalho (MG) é um dos três deputados do PV que está migrando para o PMB. Ele revela que a direção do novo partido lhe prometeu a presidência da legenda no seu estado.
— Com toda franqueza, o PV é um partido ditador. Não dá autonomia, inviabiliza nosso mandato. A questão financeira é forte nos partidos e quem coloca esses recursos, com seus mandatos, são os deputados federais. E não tínhamos retorno no PV. No PMB, vai ser diferente. Muitos que estão indo são candidatos a prefeito em seus estados — afirmou.
O deputado da bancada da bala Major Olímpio está deixando o PDT de São Paulo, com queixas da antiga legenda e cheio de sonhos no novo abrigo. E já fala em disputar a Prefeitura de São Paulo.
— Fui execrado no PDT por defender a redução da maioridade penal. Estava sem espaço, isolado. E nem pensava mais em disputar nova eleição. Agora, não. Terei espaço, voz e chance de construir o partido em São Paulo — diz Olimpio.
A presidente Suêd Haidar, porém, disse ser contra a redução:
— Vou te falar com sinceridade. Eu, pessoalmente, como ser humano, discordo. Mas vamos discutir essa questão dentro do partido.
Ela também é contrária ao aborto:
— Não defendo o aborto. Acho que a mulher não pode matar vidas. O aborto é um problema de saúde pública. Tem os casos da lei. O aborto é um ato extremo. Defendo a educação sexual e a difusão de métodos contraceptivos nas camadas mais baixas.
A bancada do PMB no Rio terá três deputados: Ezequiel Teixeira, Luiz Carlos Ramos e Alexandre Valle. Até agora, a maior bancada é a de Minas Gerais, com seis deputados. Ao todo, são 20 deputados de nove estados.

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