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terça-feira, 1 de setembro de 2015

Temer diz que 'ninguém suporta' mais tributos e prega corte de gastos

EE TEMERR
Discurso do vice, feito a empresários, vai na contramão de medidas anunciadas pelo governo. Sem citar Dilma, ele condenou ações 'de cima para baixo' e defendeu adoção de agenda ' da sociedade'
O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), disse a empresários, em São Paulo, que "ninguém suporta mais" a elevação da carga tributária no Brasil e defendeu o corte de gastos da máquina pública como fórmula para superar a crise. A fala ocorreu horas antes de o governo anunciar que vai propor a reoneração de setores como o de bebidas e eletrônicos.
A fala do vice –feita durante um fórum promovido pela revista "Exame", nesta segunda-feira (31)– evidenciou o distanciamento de Temer do comando do governo Dilma Rousseff (PT).
Durante sua exposição, o vice frisou que havia falado com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na noite anterior ao discurso e disse ter sugerido a ele a adoção de medidas como o enxugamento dos gastos da máquina pública e a revisão de contratos firmados pelo governo.
A condenação à elevação da carga tributária ocorreu num momento do discurso em que Temer afirmou querer "registrar fatos". "Não vamos pensar em carga tributária mais elevada. Ninguém quer isso, ninguém suporta mais isso", disse.
Ele foi aplaudido e retribuiu dizendo que comunicaria o gesto de aprovação ao seu discurso a Levy e Nelson Barbosa, ministro do Planejamento –os dois integrantes do governo que anunciaram o aumento da tributação de alguns setores nesta segunda, em Brasília.
VELADO
Em diversos momentos, o vice fez ponderações que soaram como críticas veladas aos caminhos escolhidos pela presidente Dilma e seu partido, o PT, para enfrentar a crise de confiança no governo.
Ele disse, por exemplo, que o corte de gastos na máquina pública seria "aplaudido pela sociedade". "O que a sociedade não aplaude é o retorno repentino, de supetão, como ia ocorrer com a CPMF, de um tributo", emendou.
Temer afirmou ainda que as crises política e econômica só serão superadas se o governo buscar "harmonia social e harmonia entre os Poderes". "Não adianta agir de cima para baixo. É preciso, muitas vezes, que as coisas venham de baixo para cima."
Temer citou os protestos de junho de 2013 no início de sua fala, para dizer que, desde então, as pessoas cobram por "eficiência" na gestão.
Mais adiante, disse que "nós temos que saber que a economia depende muito da atuação política".
"E a atuação político-econômica é que leva à harmonia social", continuou.
"Para ter a sociedade satisfeita é preciso ir ao encontro daquilo que a sociedade pede", concluiu.
Durante o evento, o vice disse ainda que o Orçamento apresentado pelo governo com previsão de deficit de R$ 30,5 bilhões "não é útil", apesar de "transparente". "Pode até resultar [perda] da nota de investimento do nosso país, o que é péssimo."
Ele já havia demonstrado preocupação com a reação do mercado à notícia em jantar com os empresários Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Roberto Setúbal (Itaú), Rubens Ometto (Cosan), Elie Horn (Cyrella) e Guilherme Leal (Natura), na noite de domingo (30), também em São Paulo.
Na ocasião, reconheceu que enviar uma proposta de Orçamento com previsão de deficit não é boa notícia, mas argumentou que pior seria encaminhar uma proposta irrealista, que não teria credibilidade.

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