Divulgada
nessa quarta-feira (06/03), a edição 2013 do "Mapa da Violência",
estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e
pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, não traz muitas
novidades sobre o crescimento da criminalidade no país, ainda que, desta
vez, com foco nas mortes por armas de fogo.
O
estudo vincula o quadro de homicídios a uma suposta facilidade de
acesso às armas no país, que precisaria ser barrada por políticas de
desarmamento mais rígidas. Segundo aponta a pesquisa, muitos dos crimes
registrados estariam relacionados diretamente ao grande número de armas
em circulação.
A
vinculação, contudo, é contestada pelo presidente do Movimento Viva
Brasil, Bene Barbosa.
O especialista em segurança pública enfatiza que, ao tentar vincular diretamente armas e criminalidade, o estudo acaba perdendo a credibilidade que o vinha caracterizando, adotando um perigoso viés ideológico. Além disso, essa postura geraria contradições latentes no texto. "O Brasil tem, reconhecidamente, uma das legislações sobre armas de fogo mais restritas do mundo, responsável por ter reduzido, entre 2000 e 2010, seu comércio em mais de 90%, o que mostra não haver fundamento para tratar uma possível facilidade do cidadão ao acesso a elas como causa da violência", afirma.
O especialista em segurança pública enfatiza que, ao tentar vincular diretamente armas e criminalidade, o estudo acaba perdendo a credibilidade que o vinha caracterizando, adotando um perigoso viés ideológico. Além disso, essa postura geraria contradições latentes no texto. "O Brasil tem, reconhecidamente, uma das legislações sobre armas de fogo mais restritas do mundo, responsável por ter reduzido, entre 2000 e 2010, seu comércio em mais de 90%, o que mostra não haver fundamento para tratar uma possível facilidade do cidadão ao acesso a elas como causa da violência", afirma.
O
país instituiu em 2003 o Estatuto do Desarmamento, que mantém regras
rígidas e burocráticas para o porte e posse de armas, e também promove
constantescampanhas de desarmamento, em que mais de 570 mil armas de
fogo foram entregues voluntariamente. Entretanto, o estudo comprova que
as restrições e a redução no comércio de armas de fogo legais no País ao
longo dos últimos anos não foi capaz de reduzir a criminalidade uma vez
que seu número aumentou neste mesmo período. Segundo o Mapa da
Violência, em 30 anos, as mortes por armas de fogo no Brasil aumentaram
346%.
Barbosa
também questiona a utilização de meras estimativas no Mapa da Violência
2013, em razão de se dispor de dados concretos quanto às armas de fogo
legalmente em circulação no país. "A edição deste ano se apresenta quase
como uma tortura aos números para justificar políticas de desarmamento,
sequer disfarçando a origem de suas improvadas estimativas em estudos
parciais produzidos, não por qualquer entidade científica, mas por uma
controvertida ONG desarmamentista brasileira. Por que se socorrer a
estimativas sobre armas legais em circulação quando este é um dado
facilmente disponível junto à Polícia Federal? Por que falar em 6,8
milhões de armas registradas, quando o número é 1,6 milhão, como
registram os dados oficiais do Sistema Nacional de Armas - SINARM?",
indaga.
Para
Barbosa, até mesmo os dados sobre os EUA estariam muito defasados. "Os
Estados Unidos vêm obtendo decréscimo de homicídios recordes, alcançando
em 2011 a menor taxa em cinquenta anos. No entanto, o estudo usa dados
de 2008, buscando invocar um panorama defasado, talvez mais favorável à
ideologia que se pretende difundir", critica Bene Barbosa.
A
causa principal da violência homicida, de acordo com Barbosa, é a
impunidade. "No Brasil, menos de 8% dos crimes de morte são elucidados,
aliás, um dado pela primeira vez reconhecido no próprio estudo, e é aí
que são necessários esforços do poder público. De nada adianta
restringir armas para o cidadão comum, que somente as usa para se
defender, quando o forte tráfico ilegal de armas e as mortes que ele
alimenta não são punidas. É um erro grave, no qual vem se insistindo há
mais de uma década, trazendo como resultado um número cada vez maior de
homicídios".
Crescimento de homicídios
O
estudo evidencia a repetição da tendência de aumento revelada desde sua
edição de 2011, apontando a região nordeste do país como a mais
expoente em crescimento de homicídios, panorama inalterado quando o foco
são as mortes por armas de fogo. Destaque negativo, neste quesito, para
o estado da Bahia, que mantém duas cidades dentre as que superaram o
índice de 100 homicídios por 100 mil habitantes: Lauro de Freitas e
Simões Filho.
Para
o coordenador do Movimento Viva Brasil na Região Nordeste e pesquisador
em segurança pública, Fabricio Rebelo, tais dados, embora graves, não
representariam um quadro fiel da realidade, encampando forte distorção
quanto aos números revelados. "O grande problema de estudos assim é a
impossibilidade de se considerar todas as peculiaridades regionais dos
locais pesquisados. Na Bahia, por exemplo, a situação das cidades de
Lauro de Freitas e Simões Filho passa longe da realidade, com os números
muito acima dos verdadeiros", afirma.
O
pesquisador explica que, por sua contingência geográfica, a maior parte
dos crimes registrados nas duas cidades não foi cometida ali. "São
cidades que compõem a região metropolitana de Salvador, interligadas, e
que se revelam históricos locais de desova de cadáveres, por possuírem
áreas mais ermas, inclusive parte do centro industrial. A questão é que,
quando corpos de vítimas são encontrados, os respectivos homicídios são
registrados levando em conta o local em que estavam, como se os crimes
tivessem sido ali cometidos, gerando forte distorção estatística, tanto
pelo aumento dos dados sobre tais cidades, quanto pela ausência de
registro de homicídios onde realmente ocorreram".
De
acordo com Rebelo, a grande maioria dos crimes registrados nas cidades
de Lauro de Freitas e Simões Filho em verdade teria sido cometida em
Salvador ou outros municípios próximos. "São meras áreas de desova, para
onde são levadas vítimas de homicídios praticados na capital e em todo o
entorno, fato notório a qualquer atuante na segurança pública do
estado, mas que vem sendo sistematicamente desconsiderado em estudos
estatísticos sobre violência homicida", finaliza o pesquisador.
O
Mapa da Violência 2013 - Mortes Matadas por Armas de Fogo pode ser
acessado na íntegra no site do Centro Brasileiro de Estudos
Latino-Americanos http://mapadaviolencia.org.br/.
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