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domingo, 9 de setembro de 2012

País pode crescer sem precisar aumentar juros no ano que vem.


O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, avalia que "não será preciso subir" a taxa básica de juros em 2013, contrariando a expectativa do mercado, que prevê a elevação dos atuais 7,5% para 8,25%, para segurar a inflação.

Um dos principais conselheiros da presidente Dilma, ele credita boa parte de sua confiança à redução do preço da energia elétrica anunciada pela chefe. "Essa medida já garante inflação abaixo de 5% no próximo ano." 

Para ele, o Brasil tem capacidade de crescer 4,5% sem gerar alta de preços. 

Houve uma desaceleração mais forte que o esperado na China, mas o governo chinês já sinaliza com mais medidas de estímulo ao crescimento. 

Nos EUA, o pragmatismo vai fazer com que as medidas de estímulo sejam, em parte, prorrogadas. A grande incógnita é a Europa, que atua para evitar uma crise financeira, mas a velocidade da retomada não está clara. 

Mesmo nesse cenário, com as medidas que tomamos, é possível, sim, visualizar um crescimento entre 4% e 5% no ano que vem. 

Crescimento nesta faixa não gera impacto na inflação? Hoje o Brasil cresce abaixo do PIB potencial e, mesmo assim, a inflação está acima de 5%. 

A maior parte da flutuação da inflação no Brasil não decorre de flutuação de nível de crescimento, mas de choque em alguns preços. 

Em 2011, a maior parte da alta foi puxada pelos preços das commodities, sobretudo agrícolas e minerais. 

No Brasil, devido ao açúcar, acabou batendo no preço do etanol, e isso jogou a inflação acima de 7% em alguns meses. Quando o choque refluiu, a inflação caiu. 

Não há um risco de uma pressão de demanda causar um aumento na inflação de magnitude elevada. 

Na verdade, é o contrário. A aceleração do crescimento, ao elevar o nível de atividade, aumenta a produtividade e diminui os custos das empresas. 

Em sua última reunião, o BC indicou que pode estar chegando ao fim o ciclo de redução de juros, devido à inflação e à retomada da economia. Há espaço para a taxa cair abaixo dos atuais 7,5%?

Por motivos óbvios, não nos manifestamos sobre o que o Banco Central deve ou não fazer. Preferimos construir as condições para que os juros caiam e permaneçam em nível mais reduzido. 

É bom lembrar que, há dois anos, quando dizíamos que a taxa real no Brasil poderia cair abaixo de 4%, várias pessoas no mercado diziam que era impossível, porque traria aceleração da inflação. 

Hoje, a taxa real está em 2% e a inflação, sob controle. 

O mercado não concorda e prevê que o BC terá de subir os juros em 2013. 

Quem acredita nisso está subestimando a capacidade de crescimento do Brasil. Temos capacidade, sim, de crescer 4,5% sem gerar pressão inflacionária. 

Até porque temos várias medidas em análise ou já adotadas que têm o impacto de reduzir a inflação: a desoneração da folha, que corta custo das empresas, e também a redução no preço da tarifa de energia elétrica anunciada pela presidente. 

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