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domingo, 12 de junho de 2016

Debate: Rede hospitalar do RN ainda não atende crianças com cardiopatia congênita

Foto: João Gilberto/Assecom ALRN
A obrigatoriedade do exame de ecografia fetal nas mulheres grávidas a fim de que as anomalias congênitas do coração, que ocorrem em cinco entre cada 100 nascimentos, possam ser detectadas precocemente.
Esta foi uma das deliberações da audiência pública promovida na manhã de sexta-feira (10) pelo deputado Jacó Jácome (PSD) no auditório da Assembleia Legislativa do RN, em Natal, dentro daSemana da Cardiopatia Congênita, cuja data é marcada nacionalmente neste domingo (12), observa informação da assessoria de imprensa do Legislativo potiguar.
O deputado se comprometeu a fazer um estudo legislativo e técnico com a maior brevidade possível acerca do projeto de lei que pretende apresentar na Casa, tornando obrigatória a realização do exame principalmente nas gestantes de alto risco.
Faremos um estudo de forma que o projeto não onere nem gere custos excessivos para o poder público, de forma que seja viável executá-lo”, afirmou o parlamentar.
Os deputados Hermano Morais (PMDB) e Cristiane Dantas (PCdoB) também participaram do debate.
Cristiane Dantas deu um emocionado depoimento, pois vivenciou o problema com um dos seus filhos.
No debate as questões foram centradas principalmente na deficiência da estrutura hospitalar no estado.
Um dos exemplos é o segundo maior hospital da capital, o Dr. José Pedro Bezerra, também conhecido como Hospital Santa Catarina, na zona norte de Natal, que não dispõe de aparelho de ecocardiograma nem suporte do cardiologista pediátrico para apoio à equipe multidisciplinar.
No RN há um déficit de quase 300 leitos em UTI pediátrica e neonatal.
Os especialistas que participaram do debate foram unânimes em defender a necessidade do teste do coraçãozinho, a oximetria de pulso, que deve ser realizada nas primeiras 24 horas de vida, procedimento extremamente simples e que exige para os técnicos um treinamento de menos de seis horas, com um equipamento com valor inferior a R$ 2 mil, sugestões do diretor-presidente da AMICO, entidade sem fins lucrativos que atua há 12 anos na assistência às crianças com cardiopatia congênita no RN.
De acordo com o médico Marcelo Cascudo, se a cardiopatia congênita for detectada precocemente e as crianças passarem por cirurgia no tempo adequado, mais de 70% das crianças podem levar uma vida plena, e muitas ainda podem se tornar atletas de excelente performance.
Nossa obrigação é trazer o tratamento adequado para essas crianças, tanto para aquelas que podem ter cura total e um bom desempenho nos esportes, quanto para aquelas que podem ter uma vida digna a que todos  nós temos direito”, afirmou.
O exame de cardiologia fetal detecta as estruturas do coração e a sua funcionalidade, verificando se está de acordo com o esperado.
Segundo o especialista, o Brasil é carente em estatísticas mais precisas, mas estima-se que das crianças com este tipo de patologia, 85% precisam de um tratamento invasivo cirúrgico nos primeiros dias de vida.
Marcelo Cascudo citou com preocupação a insuficiência de hospitais no RN e no Nordeste com tal capacidade.
E se nós não tivermos um bom resultado, essas crianças podem vir a óbito logo no pós-operatório”, lamentou. 
O médico Madson Vidal citou a falta de leitos de UTI pediátrica como um grave problema: “Infelizmente muitas vezes a morte chega precocemente, porque o bebê não tem condições de ser transportado e a maior maternidade de cuidados intensivos do nosso Estado não dispõe de um ecocardiograma”, criticou. 
Madson Vidal afirmou que hoje o tempo de espera para um exame de ecocardiograma na rede pública é em torno de 60 dias.
O diretor da AMICO mencionou ainda a desestruturação do SUS e falta de política de atendimento pediátrico nos níveis de baixa, média e alta complexidade como agravantes da alta morbi mortalidade para crianças enfermas.
Falta de medicamentos que causam interrupção no tratamento, o risco da criança contrair outra doença e a falta de preferência para crianças nas consultas também foram mencionados.
Representando a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), a nutricionista Vitória Régia afirmou que a secretaria está realizando um levantamento do quantitativo de aparelhos para o teste do coraçãozinho, para aquisição e distribuição nas unidades.
A técnica reforçou a necessidade de se regionalizar essa assistência, para evitar o deslocamento das mães e filhos para a capital. Uma boa notícia divulgada na audiência é a perspectiva de ampliação dos leitos de UTI neonatal em Caicó, região Seridó.
Os equipamentos já foram comprados e o projeto para adequação na estrutura física está em andamento.


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